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As pesquisas eleitorais podem ser deletérias para as democracia brasileira?

Motivação: proximidade das eleições municipais

Data do debate: 23/09/2024

  • As pesquisas eleitorais utilizam diferentes metodologias para captar a intenção de voto da população. Aqui estão as principais:

1. Amostragem

- Definição do público-alvo: As pesquisas trabalham com uma amostra da população, escolhida para representar o universo de eleitores.

- Estratificação: A amostra é dividida com base em variáveis demográficas, como idade, sexo, escolaridade, renda e região.

- Métodos de amostragem: Podem ser probabilísticos (onde todos têm a mesma chance de ser escolhidos) ou não probabilísticos.

2. Método de Coleta de Dados

- Entrevistas presenciais: Pesquisadores abordam os eleitores em suas casas ou em locais públicos.

- Entrevistas por telefone: Eleitores são contatados por telefone fixo ou celular.

- Entrevistas online: Utilização de questionários pela internet, comuns em pesquisas de opinião mais abrangentes.

3. Formulação do Questionário

- Questões estimuladas: O eleitor escolhe sua opção a partir de uma lista de candidatos apresentada pelo pesquisador.

- Questões espontâneas: O eleitor menciona sua escolha sem que nomes de candidatos sejam apresentados.

- Outras perguntas: Além da intenção de voto, podem ser coletadas informações sobre rejeição, perfil sociodemográfico e outros temas relevantes.

4. Margem de erro e nível de confiança

- Margem de erro: Representa a variação máxima esperada nos resultados em relação ao universo total, devido ao fato de trabalhar com uma amostra.

- Nível de confiança: Geralmente 95%, significa que, se a pesquisa fosse repetida várias vezes, em 95% dos casos os resultados estariam dentro da margem de erro.

5. Análise e Interpretação

- Após a coleta dos dados, os resultados são ponderados e ajustados conforme o perfil da amostra para garantir que reflitam a realidade do eleitorado.

Essas metodologias garantem que, mesmo com uma amostra pequena, a pesquisa possa refletir a tendência geral da população, desde que seja bem conduzida.

  • Nas eleições presidenciais de 2022 foram divulgados resultados completamente dispares

Nas eleições presidenciais de 2022 no Brasil, houve uma série de divergências nos resultados das pesquisas eleitorais divulgadas por diferentes institutos. Algumas apresentaram cenários bastante distintos, especialmente no primeiro turno, o que gerou debate sobre a precisão e a metodologia das pesquisas. Aqui estão alguns exemplos de resultados que apresentaram discrepâncias:

1. Datafolha

- Pesquisa final (1º turno):

- Lula: 48%

- Bolsonaro: 34%

- Ciro Gomes: 6%

- Simone Tebet: 5%

- Margem de erro: 2 pontos percentuais.

- O Datafolha indicava uma possibilidade de vitória de Lula no 1º turno ou pelo menos uma vantagem considerável, com uma diferença de 14 pontos percentuais para Bolsonaro.

2. Ipec (ex-Ibope)

- Pesquisa final (1º turno):

- Lula: 51%

- Bolsonaro: 37%

- Ciro Gomes: 5%

- Simone Tebet: 5%

- Margem de erro: 2 pontos percentuais.

- O Ipec também indicava a possibilidade de Lula vencer no 1º turno, com uma vantagem de 14 pontos percentuais sobre Bolsonaro.

3. Instituto Paraná Pesquisas

- Pesquisa final (1º turno):

- Lula: 41,6%

- Bolsonaro: 46,3%

- Ciro Gomes: 5,9%

- Simone Tebet: 5,0%

- Margem de erro: 2,2 pontos percentuais.

- Essa pesquisa apontava Bolsonaro à frente de Lula no primeiro turno, algo que destoava bastante dos demais institutos.

4. Instituto Brasmarket

- Pesquisa final (1º turno):

- Lula: 41,4%

- Bolsonaro: 46,6%

- Ciro Gomes: 5,4%

- Simone Tebet: 2,8%

- Margem de erro: 2 pontos percentuais.

- Assim como o Paraná Pesquisas, o Brasmarket indicava Bolsonaro liderando a corrida no 1º turno, diferentemente da maioria das pesquisas.

5. Realidade dos Resultados (1º turno)

- Lula: 48,4%

- Bolsonaro: 43,2%

- Ciro Gomes: 3,0%

- Simone Tebet: 4,2%

- O resultado final das urnas foi mais próximo do que previam institutos como Datafolha e Ipec, mas a diferença entre Lula e Bolsonaro foi menor do que muitas pesquisas indicavam.

Divergências e Críticas

- Subestimação de Bolsonaro: A maioria dos institutos, especialmente Datafolha e Ipec, subestimou a votação de Bolsonaro, sugerindo uma diferença maior entre ele e Lula. Os resultados finais mostraram uma disputa mais acirrada do que a prevista.

- Erros em Ciro Gomes: A votação de Ciro Gomes também foi superestimada por vários institutos, como o Datafolha e o Ipec, que previram 6% para ele, enquanto nas urnas ele obteve 3%.

- Simone Tebet: A candidata Simone Tebet também teve variações significativas nas previsões, mas sua votação real (4,2%) ficou dentro da margem de erro para a maioria dos institutos.

Essas discrepâncias nas pesquisas eleitorais levantaram questionamentos sobre a metodologia, a representatividade das amostras e a capacidade das pesquisas de capturar o comportamento dos eleitores, especialmente em um cenário polarizado como o de 2022.

  • Por que diferentes institutos apresentam resultados diferentes, além da margem de erro declarada?

As diferenças nos resultados das pesquisas eleitorais, além da margem de erro declarada, podem ocorrer devido a vários fatores, como:

1. Metodologia de Amostragem

- Tamanho e representatividade da amostra: Cada instituto pode adotar critérios diferentes para selecionar a amostra de eleitores. Variáveis como região, idade, gênero e renda podem ser ponderadas de maneira distinta, afetando os resultados.

- Método de amostragem: Institutos que usam amostragem probabilística podem ter resultados mais representativos que aqueles que utilizam amostragem não probabilística. Isso pode gerar diferenças, mesmo que os perfis demográficos sejam semelhantes.

2. Método de Coleta de Dados

- Entrevistas presenciais vs. telefônicas vs. online: O meio pelo qual a pesquisa é conduzida pode influenciar os resultados. Entrevistas presenciais tendem a ter taxas de resposta mais altas, enquanto pesquisas por telefone ou online podem atingir públicos diferentes (por exemplo, pessoas mais jovens ou com acesso à internet).

-Abordagem regional: A pesquisa pode cobrir regiões ou estados com intensidades distintas, resultando em variações regionais que afetam a média geral.

3. Formulação das Perguntas

- Questões estimuladas vs. espontâneas: O modo como as perguntas são feitas (se os eleitores escolhem de uma lista de candidatos ou declaram sua preferência espontaneamente) pode influenciar as respostas.

- Forma de apresentar os candidatos: A ordem dos candidatos na lista ou a menção de partidos e coligações também pode gerar impacto nas respostas.

4. Momento da Coleta dos Dados

- Eventos recentes: As pesquisas realizadas em momentos próximos podem capturar momentos distintos da campanha, como debates, denúncias ou fatos importantes que podem alterar a percepção dos eleitores.

- Oscilações de curto prazo: A intenção de voto pode flutuar rapidamente em razão de acontecimentos políticos, notícias ou mudanças na estratégia dos candidatos.

5. Critérios de Ponderação

- Ponderação de variáveis: Os institutos podem ponderar variáveis como escolaridade, renda e religião de forma diferente ao ajustar os dados brutos. Isso pode mudar a maneira como os resultados refletem o comportamento do eleitorado.

- Peso das regiões: Dependendo do peso dado a certas regiões ou grupos, os resultados podem se inclinar para um ou outro lado.

6. Taxa de Rejeição

- Eleitores indecisos ou que não querem responder: A maneira como cada instituto trata eleitores que não declaram sua intenção de voto ou estão indecisos pode alterar os resultados. Algumas pesquisas fazem suposições ou redistribuições dos indecisos, enquanto outras os deixam fora da contagem.

7. Interpretação dos Dados

- Ajustes pós-pesquisa: Institutos podem aplicar diferentes ajustes baseados em históricos eleitorais ou perfis de eleitores, o que pode levar a divergências nos resultados finais.

Esses fatores fazem com que pesquisas de institutos distintos apresentem resultados diferentes, mesmo que sejam realizadas em períodos próximos. A combinação de amostragem, coleta, ponderação e interpretação é única para cada instituto, o que explica as variações.

  • As pesquisas podem influenciar na decisão dos eleitores?

As pesquisas eleitorais podem influenciar a decisão dos eleitores de diversas maneiras. Esse fenômeno é conhecido como "efeito das pesquisas" e pode ocorrer de diferentes formas:

1. Efeito "Bandwagon" (Efeito Manada)

- Os eleitores tendem a apoiar candidatos que estão em ascensão nas pesquisas, seguindo a tendência majoritária. Esse efeito ocorre porque muitas pessoas preferem votar no candidato que parece mais popular ou com mais chances de vitória, evitando a sensação de "desperdício" de voto em alguém com poucas chances.

2. Efeito "Underdog"

- Ao contrário do "bandwagon", esse efeito acontece quando eleitores simpatizam com candidatos que estão atrás nas pesquisas. Eles podem querer dar apoio a um candidato em situação desfavorável, vendo nele uma figura injustiçada ou que precisa de mais suporte.

3. Efeito de Consolidação

- Pesquisas podem ajudar a consolidar a decisão de eleitores indecisos, mostrando quem são os candidatos mais fortes. Isso pode ser decisivo em eleições polarizadas, onde eleitores que não têm uma preferência clara optam por um dos candidatos líderes para evitar a vitória do outro.

4. Desmobilização ou Mobilização de Eleitores

- Desmobilização: Se as pesquisas mostram um candidato com grande vantagem, os eleitores do adversário podem sentir que não vale a pena votar, acreditando que o resultado já está definido. Da mesma forma, eleitores do candidato favorito podem se sentir confiantes demais e não se mobilizar para votar.

- Mobilização: O contrário também pode ocorrer. Eleitores podem ser mobilizados a comparecer às urnas para reforçar o apoio a um candidato que parece ter chances reais de vitória ou para evitar a vitória de um adversário.

5. Influência sobre Financiadores e Voluntários

- Pesquisas também influenciam doadores e apoiadores de campanha. Um candidato que aparece em boa posição nas pesquisas pode atrair mais recursos e voluntários, fortalecendo ainda mais sua campanha, enquanto candidatos em queda podem ter dificuldade em captar novos apoios.

6. Impacto em Estratégias de Campanha

- As campanhas políticas monitoram as pesquisas de perto para ajustar suas estratégias. Se as pesquisas indicam uma queda de popularidade ou uma vantagem menor do que o esperado, os candidatos podem mudar o foco de suas propagandas, seus discursos ou suas ações de campanha para tentar reverter ou reforçar o cenário.

7. Influência sobre a Mídia

- A cobertura midiática pode ser influenciada pelas pesquisas, dando mais espaço para candidatos que estão em alta e menos para os que estão atrás. Isso cria um ciclo em que a exposição midiática pode aumentar a visibilidade de candidatos bem posicionados, impactando ainda mais o eleitorado.

8. Voto Útil

- Em sistemas eleitorais de múltiplos candidatos, pesquisas podem incentivar o "voto útil". Eleitores podem abandonar o candidato de sua primeira escolha (que tem poucas chances de vitória) e migrar para um dos líderes nas pesquisas para evitar que um adversário com quem eles não concordam ganhe a eleição.

Em resumo, as pesquisas eleitorais podem sim influenciar a decisão dos eleitores, tanto direta quanto indiretamente, afetando as dinâmicas da campanha e o comportamento do eleitorado. Esse impacto varia dependendo do contexto político, da confiança nas pesquisas e do perfil dos eleitores.

  • Há meios de fiscalizar o trabalho dos institutos de pesquisa de forma a garantir que não há manipulação de resultados?

Sim, há maneiras de fiscalizar o trabalho dos institutos de pesquisa para garantir que os resultados não sejam manipulados e reflitam de forma justa a realidade. Embora seja impossível eliminar completamente qualquer risco, existem várias formas de supervisão, regulamentação e boas práticas que ajudam a garantir a transparência e a confiabilidade das pesquisas eleitorais:

1. Regulamentação Oficial

- No Brasil, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e os Tribunais Regionais Eleitorais (TREs) têm um papel importante na fiscalização das pesquisas eleitorais. Todos os institutos que realizam pesquisas durante o período eleitoral são obrigados a registrar suas pesquisas no TSE, fornecendo informações como:

- Metodologia utilizada (tipo de amostragem, tamanho da amostra, margem de erro).

- Período de coleta de dados.

- Perguntas feitas aos eleitores.

- Financiadores da pesquisa.

- Esse registro público permite que qualquer pessoa ou entidade fiscalize e questione os métodos utilizados pelo instituto.

2. Auditoria Independente

- Auditorias independentes podem ser contratadas para verificar a metodologia, a coleta de dados e a análise estatística das pesquisas. Um auditor independente pode avaliar se o instituto seguiu rigorosamente os métodos declarados e se os resultados foram processados corretamente.

- Algumas campanhas ou partidos políticos, por exemplo, contratam auditores para validar pesquisas feitas tanto por eles quanto por terceiros.

3. Divulgação Detalhada da Metodologia

- Institutos de pesquisa sérios costumam divulgar publicamente sua metodologia detalhada, o que inclui a descrição da amostra, os critérios de ponderação, as perguntas e a margem de erro. Essa transparência permite que especialistas, jornalistas e acadêmicos avaliem a qualidade e a confiabilidade da pesquisa.

- Conselhos profissionais e associações, como a Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa (ABEP), estabelecem códigos de conduta que incentivam a transparência e a aplicação de métodos científicos rigorosos.

4. Comparação entre Pesquisas

- A comparação entre pesquisas de diferentes institutos que utilizam metodologias semelhantes pode ajudar a identificar discrepâncias. Quando há grandes divergências, é possível que os resultados de algum instituto estejam fora do padrão esperado, o que pode indicar um problema metodológico ou mesmo manipulação.

- Agências de mídia e analistas políticos frequentemente comparam pesquisas para verificar a consistência dos resultados e alertar o público sobre diferenças suspeitas.

5. Revisão de Resultados Passados

- Um instituto de pesquisa pode ter sua credibilidade avaliada pela precisão de suas previsões em eleições anteriores. Se um instituto frequentemente apresenta resultados que divergem significativamente do resultado final, isso pode levantar questionamentos sobre sua metodologia ou imparcialidade.

- Acadêmicos e estatísticos frequentemente realizam estudos sobre a precisão de diferentes institutos de pesquisa, avaliando seu desempenho ao longo do tempo.

6. Controle de Qualidade Interno

- Institutos respeitados têm processos internos rigorosos de controle de qualidade, que incluem a supervisão da coleta de dados em campo (com verificações aleatórias para garantir que as entrevistas foram realizadas corretamente), validação de dados e revisões estatísticas.

- Muitos institutos utilizam tecnologias para garantir a veracidade das entrevistas, como gravações de áudio ou acompanhamento via GPS, quando se trata de entrevistas presenciais.

7. Ação Legal e Penalidades

- Em casos de fraude ou manipulação deliberada de pesquisas, os institutos podem ser investigados e penalizados legalmente. A lei brasileira prevê punições para quem manipular ou divulgar de forma incorreta os resultados de uma pesquisa eleitoral.

- Partidos políticos, candidatos e outros interessados podem contestar resultados ou metodologias na Justiça Eleitoral, que tem o poder de determinar a suspensão da divulgação da pesquisa ou impor sanções ao instituto.

8. Reputação e Credibilidade

- Institutos de pesquisa que são vistos como não confiáveis ou tendenciosos correm o risco de perder sua credibilidade perante o público, a mídia e as campanhas políticas. Isso pode prejudicar sua atuação no longo prazo, já que a confiança é essencial para a relevância de suas pesquisas.

Em resumo, a fiscalização das pesquisas eleitorais é um processo que envolve regulamentação estatal, transparência dos institutos, auditorias independentes e análise contínua da mídia e da sociedade civil. Esses mecanismos juntos ajudam a minimizar o risco de manipulação de resultados e garantem maior confiabilidade nos dados apresentados.

  • Com tamanha influência sobre os eleitores, sobre o ambiente político e social, e consequentemente sobre a história do país, não há meios de regulamentar melhor esta atividade?

A regulamentação das pesquisas eleitorais, dada sua grande influência sobre o comportamento dos eleitores e o ambiente político, é uma questão complexa e crucial. Embora já existam medidas de regulamentação, como as do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) no Brasil, há sempre espaço para aprimorar esse processo e torná-lo ainda mais rigoroso e transparente. Aqui estão alguns possíveis meios de melhorar a regulamentação dessa atividade:

1. Regras Mais Rigorosas de Transparência

- Detalhamento ainda maior da metodologia: Os institutos poderiam ser obrigados a fornecer, além das informações atuais, dados mais detalhados sobre o processo de coleta e análise de informações, incluindo as perguntas exatas, os métodos de abordagem dos eleitores, e a estrutura completa da amostra.

- Divulgação pública acessível: O TSE poderia criar uma plataforma de fácil acesso ao público, onde todas as pesquisas registradas seriam disponibilizadas, com dados em formatos abertos para que especialistas e cidadãos possam analisar e comparar com mais facilidade.

2. Certificação dos Institutos de Pesquisa

- Certificação obrigatória: Institutos de pesquisa poderiam ser obrigados a passar por uma certificação, realizada por um órgão independente, que avaliasse sua capacidade técnica, a conformidade com padrões metodológicos rigorosos e a credibilidade no cumprimento das normas legais.

- Revisões periódicas: Os institutos certificados poderiam passar por revisões periódicas, tanto em anos eleitorais quanto não eleitorais, para garantir que continuam aplicando práticas consistentes e transparentes.

3. Auditorias Regulares e Independentes

- Institutos de pesquisa poderiam ser obrigados a passar por auditorias externas independentes, realizadas por órgãos especializados, para garantir que os dados e a metodologia utilizados estão em conformidade com os padrões exigidos.

- Além de auditorias aleatórias, a Justiça Eleitoral ou outras entidades poderiam permitir que campanhas ou partidos políticos solicitassem auditorias sempre que suspeitassem de irregularidades em uma pesquisa.

4. Punições Mais Severas

- Sanções mais rigorosas: Em casos comprovados de manipulação de resultados, as punições poderiam ser ampliadas, incluindo multas maiores, proibição de realizar pesquisas eleitorais por determinado período e, em casos graves, até mesmo responsabilização criminal.

- Transparência sobre punições: Qualquer instituto punido por irregularidades deveria ter essa sanção divulgada publicamente, para garantir que sua reputação seja afetada de forma proporcional ao dano causado à integridade do processo eleitoral.

5. Limitação de Publicação em Períodos Críticos

- Proibição de divulgação próxima à votação: Alguns países adotam a prática de proibir a divulgação de pesquisas eleitorais dias ou semanas antes da eleição, para evitar que influenciem os eleitores no momento decisivo. No Brasil, essa ideia já foi debatida, mas a aplicação ainda gera controvérsias.

- Janelas para coleta e divulgação: A regulamentação poderia estabelecer prazos mínimos entre a coleta de dados e a divulgação das pesquisas, garantindo que não sejam divulgadas informações ultrapassadas no contexto dinâmico de uma eleição.

6. Maior Fiscalização sobre Pesquisa de Intenção de Voto Online

- Regulamentação das pesquisas online: Com o avanço das tecnologias, muitas pesquisas são realizadas online, que têm uma dinâmica diferente das presenciais ou telefônicas. Esse tipo de coleta pode ser mais suscetível a viéses e manipulação, então poderia haver uma regulamentação específica para elas, garantindo representatividade e controle da amostra.

- Verificação de autenticidade: Institutos poderiam ser obrigados a adotar tecnologias para garantir que os participantes de pesquisas online sejam eleitores reais e representativos do eleitorado.

7. Participação de Especialistas no Controle e Avaliação das Pesquisas

- Painéis de especialistas: Grupos compostos por estatísticos, cientistas políticos e pesquisadores independentes poderiam ser formados para avaliar periodicamente as pesquisas eleitorais publicadas e a metodologia dos institutos. Esses painéis poderiam emitir relatórios públicos, aumentando a transparência.

- Publicações de revisões metodológicas: Institutos poderiam ser obrigados a publicar análises detalhadas de suas metodologias após as eleições, revisando a precisão de suas pesquisas comparadas aos resultados eleitorais, o que permitiria maior controle social sobre a atividade.

8. Maior Educação e Alfabetização Estatística para o Público

- Campanhas de conscientização: Governos, ONGs e os próprios institutos poderiam realizar campanhas para educar o público sobre como interpretar corretamente uma pesquisa eleitoral. Isso reduziria a vulnerabilidade do eleitor a interpretações enviesadas ou manipulações dos dados.

- Divulgação responsável pela mídia: A mídia, que tem grande impacto na forma como as pesquisas são percebidas, poderia ser obrigada a seguir normas mais rigorosas na cobertura das pesquisas eleitorais, evitando o sensacionalismo e a divulgação de dados isolados sem contextualização adequada.

9. Proibição de Financiamento por Partidos ou Grupos Partidários

- Controle do financiamento: As pesquisas eleitorais poderiam ser proibidas de receber financiamento direto de partidos políticos, campanhas ou grupos de interesse. Isso garantiria maior imparcialidade e evitaria que as pesquisas fossem vistas como ferramentas de marketing político.

- Financiamento público ou neutro: Um modelo onde as pesquisas são financiadas por entidades neutras, ou até mesmo pelo Estado, poderia ser uma alternativa, garantindo que o objetivo seja puramente informativo e não promocional.

10. Fiscalização Internacional (?)

- Observadores internacionais: Em algumas circunstâncias, observadores internacionais de instituições respeitadas, como a Organização dos Estados Americanos (OEA), poderiam ser chamados a revisar o processo de coleta e publicação de pesquisas em eleições críticas, fornecendo uma perspectiva imparcial e técnica.

Essas melhorias ajudariam a garantir que as pesquisas eleitorais cumpram seu papel informativo e democrático, sem distorcer ou manipular a opinião pública. A regulamentação mais rigorosa não só aumenta a transparência e a confiança nos resultados, mas também protege o processo eleitoral de influências indevidas que podem afetar o curso da história política de um país.

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Provocação: a divulgação das pesquisas próximo das eleições deveria ser proibida?